domingo, 19 de junho de 2011

A LIBERDADE SEM LEI

    Vivemos uma época em que todos proclamam o direito a igualdade e liberdade. A angústia, a insatisfação, o hedonismo e a depressão, sintomas que permeiam o cotidiano do homem contemporâneo, tem como provável diagnóstico a falta desses dois direitos - igualdade e liberdade. Surge assim, por detrás dessa bela "bandeira", um movimento espúrio e perverso. Esse movimento que proclama o direito de igualdade e liberdade, tenta convencer a todos nós que o responsavel por esses males são os princípios morais e religiosos que balizam o comportamento dos indivíduos e assim, tentam impor mudanças perversas nas leis, costumes e valores sociais estabelecidos, com o intuito de satisfazerem os seus mais vis desejos.
    Tentam-se impor à maioria práticas comportamentais de uma minoria, veladas por uma aparência de igualdade. Assim sendo, para alcançar a tão sonhada liberdade, não se deverá medir esforços nem meios para este fim. Nas palavras de Dostoievsky: “Se Deus está morto tudo é permitido”. Contudo o que podemos observar é que ao mesmo tempo em que se intensifica o sentimento de liberdade, cresce a insegurança quanto ao que fazer e a capacidade de decidir, de modo adequado, no exercício dessa liberdade.

    A permissividade total é tão ameaçadora quanto à limitação da liberdade. Torna-se, então, de suma importância para se alcançar esta tão almejada liberdade sem Lei, a difícil tarefa de buscar o equilíbrio preciso entre estes dois imprescindíveis valores: a liberdade e a segurança.
    
Como qualquer exagero, a liberdade sem limite pode ser interpretada como um decréscimo da segurança e vice-versa. O homem atual vive uma ambigüidade paradoxal em que, ao mesmo tempo em que busca segurança, é impelido constantemente aos riscos e perigos de se reinventar para se manter livre. Esta é uma existência onde se torna necessário expor-se à insegurança de uma sucessão de reinícios para continuar buscando uma identidade que seja normativa, como comprovação do exercício da liberdade e igualdade.
    
Na tentativa de administrar o caos da liberdade sem limites, por exemplo, a concepção da instituição do casamento perde o seu sentido mais próprio de ser – a união legal e permanente entre um homem e uma mulher pautada no amor, respeito e fidelidade. Pela alegação da igualdade e da liberdade de direitos, independente de gênero, normas, lei ou estatutos, surgem modos bizarros, promiscuos e inconseqüentes de relacionamento conjugal.
    
Nesta vida de liberdade iníqua, tem-se urgência em ser feliz e assim o amor é substituído pela paixão. Os papéis institucionais definidos rompem-se deixando fluídas as fronteiras entre homem, mulher e crianças. Surge a família “igualitária”. A relação conjugal torna-se mais instável na busca dessa “igualdade separatista” do gênero, baseada na individualidade. Essas uniões passam então a se sustentar, quase que totalmente, pelas satisfações sexuais e emocionais que, por sua vez, se tornam insustentáveis.
    
Padrões de relações afetivo-sexuais, antes vistos como desvios comportamentais, passam a ser estabelecidos, normatizados e justificados pelo argumento de "quebra de pré-conceitos", tornando-se apenas uma saudável variante do relacionamento humano e que deverão ser aceitos por todos, sob pena da lei.

    O casamento passa a ser visto apenas como um simples contrato entre pessoas e não mais como uma aliança entre um homem e uma mulher diante de Deus e dos homens. Como conseqüência há um espantoso aumento do número de divórcios em todo o mundo. A instituição família entra em colapso. Tentam-se criar novos modelos de "família": desde o reconhecimento das uniões heterossexuais sem compromisso, mas que perduram por certo tempo, chamadas de "estáveis", até mesmo, segundo a ética bíblica, nas abominações das uniões homossexuais. Cria-se, assim, a ilusão de uma sociedade igualitária formada pelo somatório dos indivíduos imorais e sem lei.
    
O Apóstolo Paulo descreve esse exercício da liberdade como impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça:
    "Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contra à natureza; semelhante, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, dosobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passiveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem."(Rm.1:28-32)
  Valdemilson Liberato






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